terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entrevista - Professora Teresa Almeida e Silva

Uma das grandes questões mundias que se levantam é a razão pela qual existem tantas bombas, tanto sangue e tantas mortes em prol da religião que deveria implantar a paz e o amor.
Para tentar encontrar algumas respostas, a Professora Teresa Almeida e Silva, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, foi a pessoa escolhida.

Podemos considerar a religião islâmica como uma religião violenta?
Qualquer religião existente não pretende fomentar a violência e a religião islâmica não é excepção. No Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, não existe nenhuma nota vocacionada para o uso da violência, antes pelo contrário. O grande problema está na interpretação que os fundamentalistas fazem da Sunna (tudo o que Profeta fez, disse ou consentiu e que se tornou lei). Depois de uma batalha, Maomé disse aos seus Companheiros que estes tinham de realizar, a partir daquele momento, uma luta interior em busca da fé perfeita (jihad). Porém, os fundamentalistas e os terroristas interpretam-na como guerra’, mais conhecida como ‘A Guerra Santa’ que pretende impor e defender o Islão através do uso da força.

Quais são as origens do fundamentalismo islâmico?
Podemos encontrar a origem da palavra fundamentalismo, no início do século XX, nas crenças protestantes nos EUA. O fundamentalismo islâmico teve o seu boom no século XX, a partir de 1928, com a criação da Irmandade Islâmica cujo fundador foi Hassan al Banna. Esta organização tinha como principal objectivo reeducar a população egípcia (que, segundo o seu fundador, estava a desviar-se do verdadeiro caminho da religião islâmica) e, mais tarde, edificar no Egipto um Estado Islâmico no qual a Shari’a fosse a lei oficial.

Existe alguma diferença entre terroristas islâmicos e fundamentalistas islâmicos?
Existe e é bastante importante distinguirmos esses dois. Enquanto os terroristas islâmicos são considerados fundamentalistas, estes podem não ser terroristas. Ao defenderem os fundamentos da fé islâmica, não defendem igual e obrigatoriamente o uso da violência. Os Budistas no Sri Lanka com Dharmapala são um exemplo fulcral do pacifismo ao nível da propagação religiosa. Já os terroristas islâmicos têm objectivos meramente políticos como o derrube do modelo ocidental e a criação de um governo islâmico mundial.

Quais são os principais grupos terroristas islâmicos?
Os mais importantes e mais conhecidos são: Al- Qaeda, Hamas (Palestina), Hezbollah (Libano), Brigadas de Mártires Al- Aqsa (Palestina) e Jihad Islamica (Síria).


Como são vistos os terroristas islâmicos por outros muçulmanos?
Muitos destes terroristas são vistos como Mártires no mundo islâmico pois dão a sua vida por Allah (Deus), dão o corpo e a vida, em actos de amor ou coragem, pela religião. Mas claro que também existem muçulmanos que reprovam duramente as medidas extremistas utilizadas.

O número de crentes islâmicos tem tendência para aumentar ou diminuir?
O Islão passou a ter uma maior visibilidade com o atentado 11 de Setembro de 2001. Até à data havia ainda uma considerável ignorância em relação a este fenómeno e a esta religião. Este atentado foi decisivo para a viragem das políticas de segurança em muitos Estados, principalmente nos Estados Unidos. Surpreendentemente com este fenómeno, o número de crentes a converterem-se ao Islão aumentou significativamente no mundo e, principalmente nos EUA. Uma das possíveis causas deve-se ao conhecimento mais aprofundado desta religião e, por conseguinte, a conversão torna-se natural. Os crentes convertem-se porque se sentem identificados com a religião, os seus fundamentos, princípios e crenças.



Marta Fernandes,
212295

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