Uma das grandes questões mundias que se levantam é a
razão pela qual existem tantas bombas, tanto sangue e tantas mortes em prol da
religião que deveria implantar a paz e o amor.
Para tentar encontrar algumas respostas, a Professora Teresa
Almeida e Silva, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, foi a
pessoa escolhida.
Podemos considerar a religião islâmica como uma
religião violenta?
Qualquer religião existente não pretende fomentar a
violência e a religião islâmica não é excepção. No Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos,
não existe nenhuma nota vocacionada para o uso da violência, antes pelo
contrário. O grande problema está na interpretação que os fundamentalistas
fazem da Sunna (tudo o que Profeta fez, disse ou consentiu e que se tornou lei).
Depois de uma batalha, Maomé disse aos seus Companheiros que estes tinham de
realizar, a partir daquele momento, uma luta interior em busca da fé perfeita
(jihad). Porém, os fundamentalistas e os terroristas interpretam-na como guerra’,
mais conhecida como ‘A Guerra Santa’ que pretende impor e defender o Islão
através do uso da força.
Quais são as origens do fundamentalismo islâmico?
Podemos encontrar a origem da palavra fundamentalismo,
no início do século XX, nas crenças protestantes nos EUA. O fundamentalismo
islâmico teve o seu boom no século XX, a partir de 1928, com a criação da
Irmandade Islâmica cujo fundador foi Hassan al Banna. Esta organização tinha
como principal objectivo reeducar a população egípcia (que, segundo o seu fundador,
estava a desviar-se do verdadeiro caminho da religião islâmica) e, mais tarde,
edificar no Egipto um Estado Islâmico no qual a Shari’a fosse a lei oficial.
Existe alguma diferença entre
terroristas islâmicos e fundamentalistas islâmicos?
Existe e é bastante importante distinguirmos
esses dois. Enquanto os terroristas islâmicos são considerados fundamentalistas,
estes podem não ser terroristas. Ao defenderem os fundamentos da fé islâmica,
não defendem igual e obrigatoriamente o uso da violência. Os Budistas no Sri
Lanka com Dharmapala são um exemplo fulcral do pacifismo ao nível da propagação
religiosa. Já os terroristas islâmicos têm objectivos meramente políticos como
o derrube do modelo ocidental e a criação de um governo islâmico mundial.
Quais são os principais grupos
terroristas islâmicos?
Os mais importantes e mais conhecidos
são: Al- Qaeda, Hamas (Palestina), Hezbollah (Libano), Brigadas de Mártires Al-
Aqsa (Palestina) e Jihad Islamica (Síria).
Como são vistos os terroristas islâmicos por outros
muçulmanos?
Muitos destes terroristas são vistos como Mártires no
mundo islâmico pois dão a sua vida por Allah
(Deus), dão o corpo e a vida, em actos de amor ou coragem, pela religião. Mas
claro que também existem muçulmanos que reprovam duramente as medidas
extremistas utilizadas.
O número de crentes islâmicos tem tendência para
aumentar ou diminuir?
O Islão passou a ter uma maior visibilidade com o
atentado 11 de Setembro de 2001. Até à data havia ainda uma considerável ignorância
em relação a este fenómeno e a esta religião. Este atentado foi decisivo para a
viragem das políticas de segurança em muitos Estados, principalmente nos
Estados Unidos. Surpreendentemente com este fenómeno, o número de crentes a
converterem-se ao Islão aumentou significativamente no mundo e, principalmente
nos EUA. Uma das possíveis causas deve-se ao conhecimento mais aprofundado
desta religião e, por conseguinte, a conversão torna-se natural. Os crentes
convertem-se porque se sentem identificados com a religião, os seus
fundamentos, princípios e crenças.
Marta Fernandes,
212295
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